História e Arqueologia de Stonehenge

Quatro milênios e meio antes da construção de Stonehenge, por volta de 7.500 AEC, agricultores neolíticos saíram da Anatólia e se espalharam pela Europa. Um desses grupos de agricultores acabou se firmando na Península Ibérica (atual território de Portugal e Espanha).

Algumas gerações depois, um grupo dos seus descendentes partiu da Península Ibérica se aventurou ao norte, passando pela França e, finalmente, alcançou as terras onde hoje fica a Grã-Bretanha, já por volta de 4000 AEC.

Antes da chegada desses agricultores ao continente europeu, a Europa era habitada por grupos nômades de caçadores coletores. Foi apenas com a chegada desses grupos de cultura neolítica vindos da Anatólia que a agricultura foi introduzida no território europeu.

Pesquisas recentes indicam que esses agricultores neolíticos que introduziram a agricultura teriam introduzido também a tradição de construir monumentos usando pedras – entre eles, Stonehenge. Essa saga foi bem narrada em uma pesquisa genética feita por um grupo de cientistas britânicos e publicada em edição de 2.018 na revista científica Nature Ecology & Evolution.

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Stonehenge é uma antiga estrutura megalítica constituída por pedras posicionadas de forma a apresentarem a forma de círculos concêntricos. Algumas dessas pedras chegam a medir 5 metros e pesar quase 50 toneladas.

São identificadas três fases distintas da sua construção. O Período I teve início por volta de 3.150 AEC e era constituído por uma simples vala circular de diâmetro de 97,54 metros, contando com uma entrada para o círculo, que estava alinhado com o pôr do Sol do último dia do inverno e com as fases da Lua. Na parte interna havia um santuário de madeira e um banco de pedras. Haviam ainda 56 furos localizados fora do perímetro onde foram encontrados restos arqueológicos de seres humanos incinerados.

O Período II, que se iniciou por volta de 2.150 AEC, foi marcado pelo reposicionamento do santuário de madeira e a construção de dois círculos de pedras azuis, que foram retiradas das Montanhas Preseli, no País de Gales, distante cerca de 250 km. Adicionalmente a entrada foi alargada e foi construída uma avenida de acesso ladeada por valas paralelas alinhadas com a posição do nascer do Sol no primeiro dia do verão. Por último, foi erguido o círculo externo, composto por 30 grandes pedras.

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Pouco tempo depois teve início o Período III, por volta de 2.075 AEC, quando as pedras azuis foram derrubadas enquanto os grandes megálitos, medindo em média 5,49 metros e pesando cerca de 35 toneladas cada, foram erguidos.

Por fim, entre 1.500 e 1.100 AEC, cerca de 60 pedras azuis foram, primeiro restauradas, e depois erguidas no círculo interno em forma de ferradura, juntamente com outras 19 pedras.

História e Curiosidades de Stonehenge, Misterioso Monumento do Neolítico!

Antropólogos apontam que algumas gemas e pedras, como as pedras azuis, teriam sido usadas há séculos por sacerdotes espiritualistas em antigas práticas de cura. Esse poderia, inclusive, ser o motivo dessas pedras serem transportadas de tão longa distância. De qualquer forma, arqueólogos apontam que além da finalidade religiosa e de observação astronômica – indicando a prática da astro religião – Stonehenge pode ter tido, adicionalmente, a finalidade de funcionar também como um centro de cura.

Descobertas arqueológicas de 2.008 revelaram um grande número de ossos humanos com evidências de traumas ou deformidades. Essas descobertas dão força à hipótese de que as pessoas viajariam de longe com destino à Stonehenge na esperança de encontrarem cura através dos seus poderes mágicos.

Essas escavações de 2.008 revelaram ainda restos cremados de várias pessoas além de 58 corpos enterrados. Destes, foi possível identificar 9 homens e 14 mulheres. Tendo em vista a hipótese comumente aceita de que apenas pessoas com elevado status social seriam enterradas em Stonehenge, essas descobertas parecem sugerir que as mulheres teriam tido um destacado papel durante o período neolítico no continente europeu.

Uma equipe de arqueólogos chefiados por Mike Parker Pearson relaciona o monumento de Stonehenge ao povoado Durrington, a maior aldeia neolítica do Reino Unido, composta por algumas dezenas de casas construídas entre 2.600 e 2.500 AEC, onde foi encontrada o que parece ser uma representação, em madeira, de Stonehenge.

Um dos motivos pelos quais monumentos como Stonehenge estão de pé até os dias de hoje remete ao fato de que seus construtores tinham um grande conhecimento de engenharia de construção. As enormes pedras de Stonehenge contam com cerca de 1/3 do seu comprimento enterrado sob o solo. Isso faz com seja um mistério o fato de que o mais alto dos seus blocos, chamado Trilithon, ter caído.

Arqueólogos descobriram que esse Trilithon desmoronou em decorrência do fato de que uma de suas pedras de sustentação era mais curta, não garantindo assim um apoio firme no solo, ao passo que os demais Trilithon possuem o tamanho adequado. De qualquer forma, é curioso imaginar como seus cuidadosos construtores não teriam atentado para esse erro.

Embora o continente europeu abrigue outros antigos monumentos na forma de círculos de pedras, Stonehenge figura como o mais imponente entre todos. A grande maioria dos outros círculos de pedras semelhantes a Stonehenge são construídos com pedras muito menores.

Ainda assim, as pedras de Stonehenge são menores do que aquelas encontradas nos círculos de Avebury ou de Brodgar, na Escócia. Este último, datado de 2.500 AEC. Enquanto que em Avebury e Brodgar as pedras são ásperas e naturais, chama a atenção o fato de que em Stonehenge essas pedras serem polidas e moldadas. Adicionalmente, o uso de pedras verticais sobre as pedras horizontais, chamadas Sarsen, é uma exclusividade de Stonehenge, que é, portanto, muito mais cuidadosamente projetado.

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Para que uma pessoa pudesse fazer observações astronomias, bastava o observador se posicionar adequadamente entre os mais de 70 blocos de arenito que compunham o monumento e observar na direção certa. Essas observações aconteciam principalmente em datas em que ocorriam solstícios, equinócios e outros eventos celestes de interesse astronômico.

Bauhasaurus on Twitter: "Esta es una recomposición de las piezas. Más allá  de lo espiritual/ritualistico, el lugar. Miren el ritmo de anillos desde al  exterior y al interior, generando diferentes escalas, espacios,

A arqueoastronomia afirma que os povos neolíticos construtores de Stonehenge detinham um sofisticado conhecimento de astronomia e matemática quando erigiram o monumento há cerca de 3.000 anos antes de Cristo.

As observações astronômicas realizadas a partir de Stonehenge indicavam os dias apropriados para rituais anuais, além de determinar o ciclo agrícola. Nos solstícios o Sol nasce perfeitamente abaixo da pedra principal. Adicionalmente, como é de costume em monumentos dessa natureza, o templo de observação astronômica também contava com funções religiosas.

Pesquisadores também perceberam que observações do céu noturno considerando o alinhamento dos doze blocos centrais serviriam como marcadores de posições do sol e dos planetas comparativamente com as constelações zodiacais.

7 coisas que você deveria saber sobre o Stonehenge | A Lua Tristonha

As suspeitas são de que a partir da determinação de algumas posições astronômicas, poderiam ser determinadas as melhores datas para a realização de rituais envolvendo fertilidade, curas, aumento de habilidades e boa sorte.

Acredita-se que Stonehenge tenha sido deixado de ser utilizado depois de 1.100 AEC.

Autor: Angelo Henrique Simões

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Referências bibliográficas:

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PEARSON, Mike Parker. Stonehenge: Exploring the Greatest Stone Age Enigma.  London: Simon & Schuster, 2.012.

Publicado por Angelo Henrique Simoes

Mineiro de Belo Horizonte, comerciante e escritor amador.

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